Cyberpunk 2077

Vocês têm ideia do quanto um jogo tem que estar “baleado” para ser retirado da venda na PSN pela Sony? Vocês já viram nossa seção Cheap Games? Pode-se concluir, sem muito esforço, que o controle de qualidade da Sony não é muito meticuloso. Porém Cyberpunk 2077 conseguiu isso! E foi lançado para o PS4 e PS5! Pode ser considerado o Fallout 4 dessa geração, em termos de lançamento marcado por “bugs” e outras imperfeições! Sim, porque Cyberpunk 2077 é praticamente injogável...

Antes de mais nada, vamos deixar uma coisa clara. Cyberpunk 2077 é um jogo da nova geração. A CD Projekt RED devia ter ignorado o pessoal do PS4 e apostado todas as fichas no PS5. Talvez ganhasse menos dinheiro, mas não passava vexame. Basicamente, tente imaginar alguém fazendo um esforço para rodar o novo God of War em seu celular de entrada da Motorola. Simplesmente não dá. É o mesmo sentimento com Cyberpunk 2077 em um PS4.

O jogo é incrivelmente consistente. É bugado em todos os quesitos. Som, texturas, combate e por aí vai. O game claramente não está pronto e talvez só fique aceitável em 2077 mesmo. Para piorar, a dublagem em português não ajuda. Tem gírias e palavrões demais. Quase sempre erra o tom. Por exemplo, quem disse que os nômades são caipiras? Não faz o menor sentido. E para deixar tudo mais azedo, a CD Projekt RED incluiu até um personagem brasileiro! Sim, o Ozob - personagem do Nerdcast de RPG - ganhou uma missão secundária, que é mais inútil que maçã em salada de maionese.

A história se baseia em um jogo de tabuleiro homônimo. Porém, dá para ver influências que vão de Blade Runner a Neuromancer. O herói do jogo é V. Ele é um mercenário, que está realmente disposto a ser famoso. E isso não significa participar de alguma edição do BBB. Na verdade, V tem um ídolo: Johnny Silverhand (interpretado por Keanu Reeves). Sua motivação é se tornar uma lenda tão grande como Johnny.

Na pilha para tocar o terror, o herói aceita a missão de roubar um chip de uma megacorporação. Nem é preciso dizer que vai dar tudo errado. A partir daí, dá tudo errado. A luta pela sobrevivência vira luta contra os bugs. Em tempo, o jogador tem três opções para começar Cyberpunk 2077. Ele pode ser Nômade, Marginal ou Corporativo. Cada uma dessas escolhas cria um começo diferente para o game. No meio da história, a trama se torna igual para todos.

Ao longo do jogo, dá para evoluir bastante o personagem principal. Existem atributos de combate, hack, performance física e criação/engenharia. O game também oferece uma boa quantidade de armas e equipamentos. Claro que nada disso vem de graça. É preciso ganhar dinheiro (que no jogo se chama edinho) em missões paralelas. Elas surgem - a toda hora - por meio de mensagens no seu celular. Diga-se de passagem, você deve ser um sujeito muito popular. Ao ponto que ele poderia se candidatar a prefeito e ser eleito no primeiro turno.

Outro desastre de Cyberpunk 2077 são os NPCs. A inteligência artificial parece ter sido retirada de um eleitor do Bolsonaro. Os erros são ridículos. Muitas vezes, eles impedem a realização de uma missão. E isso transforma Night City em um antro de raiva e frustração. Aliás, CD Projekt RED prometeu que o jogo teria um sistema revolucionário de busca policial e que isso iria afetar o gameplay.

Só que o delírio não parou por aí, a desenvolvedora garantiu que seria a polícia mais avançada do mundo dos games. Inclusive, os agentes da lei reagiriam conforme com a periculosidade do crime. O comportamento da polícia também mudaria de acordo com cada área da cidade de Night City, com mais patrulhamento nas áreas mais ricas, o que até faz sentido. Haveria também a possibilidade de escapar de uma situação ruim oferecendo propinas.

Mas o que de fato acontece no jogo? Bem, se você atira em um civil, por exemplo, os policiais brotam do nada. E seguem aparecendo. A gente pode até derrubar alguns, mas eles continuam surgindo do nada. Resultado? O mais fácil é simplesmente fugir do local.

Pelo tamanho e diversidade de cenários, Night City seria um ambiente interessante para ser explorado. Mas, no caso de Cyberpunk 2077, é melhor a CD Projekt RED mandar um estagiário fazer uma visita na Rockstar para aprender algumas coisas sobre como criar cidades em videogames e como criar carros que a gente consiga dirigir.

Em tempo, a Sony retirou Cyberpunk 2077 da PSN. Mas o jogo permanece à venda na Amazon e pelo Steam. Diga-se de passagem, a versão para PC é bem mais estável, mas também apresenta bugs. O controle de qualidade da ZeroZen (sic.-scifi) aproveitou a oportunidade para enviar um email para o pessoal da Sony. A gente deixou claro que precisava de um PS5 para fazer uma resenha de qualidade. Até hoje ninguém respondeu. Mas como a gente não podia esperar até 2077 fez a resenha assim mesmo.

Por fim vale ressaltar que, 8 milhões de otários, digo, gamers, compraram Cyberpunk 2077 na pré-venda. A ZeroZen espera que eles tenham aprendido a lição e passem a ler a nossa seção Cheap Games porque é só o que eles vão ter dinheiro para jogar agora. Enfim, esse jogo é tão ruim que não parece Cyberpunk. Está mais para Cyber Sertanejo Universitário...

Saulo Gomes

Prós: A história é razoável.

Contras: Tudo (Combate, NPCs, carros incontroláveis, bugs por todos os lados).

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