Borderlands - Game Of The Year
Jogo do ano? Mas qual? Borderlands foi lançado em 2009 para PC e em 2010 para o PS3. E em 2011 ganhou uma versão G.O.T.Y. com todos DLCs para PC, XBOX e o PS3. E em 2019 essa versão foi relançada para o PS4. Não faz muito sentido, mas é isso aí. No entanto, a versão “jogo do ano” original não trazia qualquer mudança relevante, leia-se melhorias no jogo. Mas a versão do PS4 traz!
E, pasmem, Borderlands GOTY deveria ter sido resenhado pela ZeroZen em 2012. Mas só foi em 2019! Agora na sua versão para PS4. Ou seja, só levamos oito anos para achar uma desculpa razoável...
Para quem não foi apresentado a Borderlands, ele é um híbrido de RPG com shooter em primeira pessoa. Com aquela “aleatoriedade” típica de alguns RPGS, como Diablo. Essa mistura, por incrível que pareça, funcionou. Borderlands foi um dos melhores shooters em primeira pessoa da nova-geração, digo geração anterior. Um raro game que funcionava bem tanto nos consoles quanto no PC. E inclusive talvez seja melhor nos consoles!
O jogo foi desenvolvido pela Gear Box Software. Para os saudosistas, foi a mesma empresa que fez Half-Life: Opposing Force e Brother In Arms e distribuído pela 2K Games.
Em Borderlands quatro caçadores de “tesouros”: Roland, Mordecai, Lilith e Brick chegam ao planeta Pandora em busca do “The Vault” (o cofre), um artefato alienígena de grande valor— para alguém— que supostamente só pode ser aberto a cada 200 anos.
Você é acompanhado, por um anjo da guarda? Que lhe ajudará em sua missão principal. Nenhum personagem tinha background estórias. O que era definitivamente anti-new generation. Isso foi adicionado depois, nos DLCs e na primeira continuação.
A sua missão principal, independente do personagem que você escolher, é encontrar pedaços da “chave” que serve para abrir o tal ‘cofre’. Mesmo que para isso tenha que fazer centenas de missões paralelas e enfrentar milhares de inimigos que parecem estar muito mais bem equipados do que você e realmente pouco interessados no tal “vault”. Não parece uma premissa muito promissora. Mas serve ao seu contento.
Pandora é um planeta semi-inabitado, que parece ser essencialmente um depósito de lixo: repleto ferro velho e sucata. A população se resume em “bandidos” e mercenários em busca do tal Vault, apesar de aparentemente não fazerem nenhum real esforço para isso. A fauna local de monstros parecem saídos direto de Half-life 2.
Borderlands não é exatamente um jogo original e pega referências, ou simplesmente rouba idéias de vários outros jogos como: BioShock, Fallout 3, Half-life e até mesmo Interstate 76, só para citar os mais óbvios. Diga-se de passagem, a Gear Box Software foi capaz de copiar a si mesma. Vocês se lembram que em Half-Life: Opposing Force uma força oposta surgia do nada para limpar toda bagunça causada por Gordon? Pois em Borderlands também tem uma “Opposing Force”.
Perto do final, entram em cena capangas da corporação Atlas Lance que vão tentar acabar com todos os “bandidos” ou psychos e adivinha! Com você também.
Às vezes o jogo perde aquele equilíbrio essencial entre desafio sustentável e dificuldade intransponível (Old Haven), mas no geral não compromete o seu progresso. Vale lembrar que esse game é essencialmente um RPG, e se você tiver algum problema pode sempre nivelar o seu personagem repetindo missões.
Como já dissemos antes Borderlands é um hibrido de RPG com shooter em primeira pessoa. Muitos RPGs desta geração foram prejudicados por péssimos sistemas de combate, incluindo o queridinho da mídia Dragon Age. Já Borderlands tira proveito do sistema de combate dos jogos de tiro em primeira pessoa, que não só é bastante eficaz, como manjado. E por isso mesmo se dá muito bem.
No entanto os problemas com Borderlands surgem exatamente dessa mistura de RPG com shooter em primeira pessoa. O maior problema é que o jogo segue a regra típica de RPGs de respawn infinito de inimigos. Normalmente a missão mais importante de um mapa, requer que você vá até um chefão, que fica num lugar qualquer bem longe. E para chegar ao tal chefão você vai ter que obviamente passar por hordas de inimigos. O problema é que depois de finalmente ter despachado o chefão de fase, você terá que voltar pelo mesmo mapa para receber a sua recompensa, em geral em um lugar bem longe dali. Só que todos aqueles inimigos que você eliminou para chegar lá, já terão reaparecido de novo!!! Isso muda um pouco quando você libera a Fast Travel Network, mas não totalmente.
Definitivamente o “respawn”, a desova infinita de inimigos, não combina com shooters, pois dá a impressão que você nunca consegue limpar um mapa, ou realmente conquistar o seu objetivo. Sem falar que no segundo “playthrough” o respawn é ainda mais rápido e aleatório com Badmutha e Badasses inimigos surgindo a toda hora.
O chefão final, “The Destroyer”, é incrivelmente fácil, quer dizer pelo menos no primeiro “playthrough”, no segundo as coisas mudam de figura radicalmente e espere encontrar alguma frustração pelo caminho. Dica: ter um apetrecho qualquer que regenere munição é essencial. Mas em qualquer “playthrough” alguns Badass Lancers, que você vai encontrar pelo caminho são infinitamente mais difíceis que o chefão final. O que é um contra-senso.
E o final propriamente dito, que, diga-se de passagem, não explica muita coisa, e é um dos mais decepcionantes da história recente dos jogos eletrônicos, páreo até mesmo para o do Half-life 2.
Sério, a história definitivamente não é o ponto forte de Borderlands. Mas realmente não importa. Quer história? Vai ler um livro ou a ZeroZen e para de jogar videogames...
A nova versão para PS4 evita o “Brown Hell” dos jogos da geração passada. No entanto o game é mais “dark”, escuro para quem esteja esquecendo o seu português. O jogo ainda usa o manjado engine 3D do Unreal III, ou seja nada de especial nessa área. Mas serve ao seu contento.
De qualquer forma, apesar de algumas deficiências, Borderlands é um bom jogo. Na verdade, Borderlands começa realmente lento e depois acelera num ritmo vertiginoso para acabar de forma abrupta e insatisfatória. Hum, o que exatamente estamos descrevendo aqui mesmo?
Prós: Surpreendente híbrido de RPG com shooter em primeira pessoa, que realmente funciona.
Contra: Respawn infinito de inimigos num shooter não é uma boa idéia. Tecnicamente não tem um vilão, típico dos jogos da geração passada.
Personagens:
São quatro personagens para escolha: Roland, Mordecai, Lilith e Brick.
Roland É um soldado genérico. Nada de especial aqui. Talvez a escolha ideal para o primeiro playthrough.
Mordecai Um caçador? Especialista em Rifles snippers, que são definitivamente um acessório de primeira utilidade nesse jogo...
Lilith Tem o poder de “Phasewalk”, habilidade de se tornar invisível e mover-se incrivelmente rápido. Ótimo para fugir de situações de perigo. Mas não pense que Lilith é frágil ou indicada para estratégias defensivas. Ela é absolutamente mortal se armada com submetralhadoras, de longe as melhores armas do jogo. O truque é ficar de olho na “acuracy” e no “fire-rate” de sua arma. “Damage”, dano, por incrível que pareça, não é tão importante. Pelo menos, não no primeiro ciclo.
Brick Brick é um “tank”, um tipo de personagem recorrente em RPGs, aquele que é pau para toda obra e tem especial resistência ao dano causado pelos inimigos. No entanto, Brick simplesmente não é muito bom nisso. Primeiro, o cara é especialista em combate corpo a corpo. Usar os punhos num jogo onde praticamente todos inimigos possuem armas de longo alcance é, sinceramente, uma estupidez. Segundo, Brick não começa o jogo com muita resistência em qualquer coisa... E só à medida que vai ganhando mais experiência é que você pode realmente transformá-lo de verdade num tanque, que ele supostamente deveria ser desde o início do jogo. O que o torna o mais difícil dos quatro personagens para se jogar
Na versão para o PS4 você tem os quatro DLCs do jogo, lançados originalmente para PC, PS3 e XBOX 360.
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