Assassin’s Creed Mirage

Um jogo “Assassino do Crédito” gratuito, mesmo que por tempo limitado, é realmente um milagre ou miragem. Mas há explicações coerentes para isso: Assassin’s Creed é uma franquia que está num lento processo de “reavaliação”, como muitas outras da Sony. E precisa sair do atoleiro criativo rápido.

Jogos de “stealth” são muito chatos e repetitivos. Quantas maneiras pode haver para infiltrar-se num lugar sem ser detectado? Se houver mais de uma, esse lugar não é bem protegido. Qual o desafio? Talvez pensando nisso Assassin’s Creed Mirage ganhou num patch um modo com morte definitiva (da franquia?) depois do lançamento.

Outra coisa estúpida: é preciso de alguma forma mudar o personagem principal a cada edição. Não seria supostamente politicamente correto, vocês se lembram disso? Que um assassino continuasse matando jogo após jogo.

Desta vez temos a história de Basim Ibn Ishaq, o peão assassino da ocasião. Tão inverossímil como todos os outros. Detalhe: jogo se passa no ano 861, nove séculos depois de Origins, e uma década antes de Valhalla. Isso significa que a trama está na Era dos Ocultos – como era conhecida a Irmandade muito antes dos Assassinos.

A própria Ubisoft admite usar de liberdades históricas na base do “What If”. Logo a ambientação fica falsa como uma nota de 13 reais. Não compre a ideia típica de material de divulgação que Bagdá é refeita nos mínimos detalhes. Em tempo: palavra Bagdá vem da junção de termos que são do persa médio, “Bag”, que significa “deus”, e “dād”, ou “dado”. Ou seja, algo como “dado por Deus”, “presente de Deus”. O que significa que Deus tem mesmo um senso de humor muito estranho...

Agora, parkour em Bagdá no século VIII ou XIII não rola. Sem falar que personagens femininos relevantes seriam no mínimo questionáveis. O “me too” não funciona quando se está lidando com o Oriente Médio, nem hoje em dia, imagina naquela época...

A progressão é clara e dividida em três arcos principais. De fato, a Ubisoft segue fazendo a mesma coisa de sempre. Não importa se for Far Cry ou Assassin’s Creed. É uma estrutura que já vem sendo reprisada há um bom tempo. Nitidamente existe uma sensação de cansaço no ar.

Aliás, pelo menos a duração do game é mais razoável. Dá para terminar em umas 20 horas. Ao contrário da trilogia de RPGs consumidores de vida (Origins, Odyssey e Valhalla) que precisavam de 100 horas. Talvez mais dependendo da sua disposição para consumir conteúdo ou realizar tarefas repetitivas em busca de troféus. Mas os três jogos estão sempre em oferta e Odyssey é o melhor dos três, a quem interessar possa.

O foco de Assassin’s Creed é supostamente em stealth, parkour e assassinato. Resumindo: de jeito nenhum. Entrando em detalhes: não, muito obrigado.

Saulo Gomes Prós - Bons gráficos.

Contras - Todo o resto.