O dia em que a ZeroZen quase comprou a Heineken


A ZeroZen deu mais um show de empreendedorismo e quase fechou um negócio que seria inédito no mercado nacional. Infelizmente, não foi possível seguir em frente com a negociação. E apesar do atilado leitor da ZeroZen estar pensando que o título da matéria é basicamente uma fake news, vamos provar que se trata da mais pura verdade...

Antes de mais nada é preciso explicar que a ZeroZen está se referindo a Heineken russa. Em março de 2022, a empresa anunciou a sua saída do país. O motivo é bem óbvio. “Acontecimentos recentes demonstram os desafios significativos enfrentados pelas grandes indústrias para tentar sair da Rússia”, declarou o presidente da Heineken, Dolf van den Brink.

É lógico que é difícil aguentar o governo Putin. Só com muita vodca mesmo. Mas onde as pessoas veem crise a ZeroZen vê uma crise maior ainda. De qualquer forma, para vender seus negócios no país, a Heineken pediu um valor simbólico de 1 euro (US$1 ou R$ 5,27).

Neste momento, a redação da ZeroZen entrou em estado de alerta. Bem, esse dinheiro a gente pode pagar. A gente fez uma vaquinha, somou o valor do vale-transporte e com certeza a gente tinha a quantia pedida pela Heineken! Nem de longe é a nossa cerveja preferida, mas o preço era justo. Claro que essa soma irrisória tem um motivo.

Com a saída da Rússia, a cervejaria espera uma perda total de € 300 milhões (R$ 1,58 bilhão) com o negócio. É um prejuízo colossal. Mas de prejuízo a ZeroZen entende. Na verdade, somos profissionais nesse quesito. Estamos há 20 anos na Web sem um mísero vestígio de lucro. Então, a gente tinha toda a experiência necessária para lidar com a situação.

Aliás, a ZeroZen, em uma jogada arriscada, estava disposta a pagar o dobro. Ou seja, fazer uma proposta agressiva de 2 euros (ou 10,54 reais). A redação até pensou em oferecer 3 euros. Mas aí já era demais. A gente ia deixar de comprar muitos Cheap Games...

O problema é que a venda tem uma pegadinha do malandro. Quando Moscou iniciou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, uma série de empresas multinacionais resolveram deixar a Rússia. Mas o Kremlin retaliou e passou a criar obstáculos para as empresas ocidentais venderem os seus ativos no país. Entre os empecilhos, o governo russo obriga as companhias a pagarem uma taxa elevada por essas vendas.

Para piorar a situação, em julho de 2022, a Rússia estatizou as operações locais da fabricante francesa de iogurte Danone e da cervejaria dinamarquesa Carlsberg. Isso levou a Heineken a acelerar sua saída do país. Infelizmente, a cervejaria preferiu vender seus ativos para o Grupo Arnest(*), que fabrica cosméticos, utensílios domésticos e embalagens metálicas para bens de consumo.

Uma pena essa completa falta de visão da Heineken. A ZeroZen já tinha planejado remanejar todas as fábricas para a Sibéria. Afinal de contas, lá a cerveja está sempre estupidamente gelada. Enfim, isso faz parte da vida do empreendedor brasileiro. E não adianta nada ficar Putin...

Da Equipe Articulistas

P.S.:(*) É como diz aquela velha canção russa: "o Arnest nos convidou/pruma balalaica/ele mora em Moscou/nóis fumo/e não encontremo ninguém..."