Feira do Livro 2009 - A Feira do Livro de Porto Alegre encontra o seu apocalipse
No distante ano de 2005 esta impoluta publicação digital escreveu: "O fato é que como a ZeroZen já havia previsto o fim dos balaios levaria a uma queda nas vendas da Feira do Livro". Bem, é chato estar sempre certo. Mas esse é mesmo o nosso destino...
Se você ainda está cético sobre a infalibilidade da ZeroZen saiba que a Câmara Rio-Grandense do Livro divulgou, com certo atraso, um balanço da 55ª Feira do Livro de Porto Alegre, realizada entre 30 de outubro a 15 de novembro. E os números são desanimadores: em comparação com 2008, as vendas caíram 16%. Dos 354.892 exemplares vendidos, a área geral contabilizou 252.754 (-15%), as áreas infantil e juvenil 87.672 (-21%) e a área internacional 14.467 (-15%)
É... quem mandou matar a galinha dos ovos de ouro? Depois não digam que a ZeroZen não avisou. O vice-presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, João Cervo, tentou contemporizar a situação. Para ele, tudo é culpa do clima. "Há 15 anos não enfrentávamos tanta chuva durante a Feira, principalmente nos finais de semana, mas também em vários finais de tarde, em dias úteis. No sábado, dia 7, por exemplo, quando caiu um dilúvio sobre Porto Alegre o dia inteiro, vendemos 58% menos do que no mesmo sábado de 2008", salientou Cervo.
Bem, a verdade é que sempre houve chuva durante a Feira. É uma das tradições do evento. Tanto que se uma cidade gaúcha passa por uma seca prolongada a primeira providência do prefeito da cidade é justamente realizar uma Feira do Livro...
A verdade é que a Feira do Livro de Porto Alegre está muito à frente do seu tempo. Tanto que já chegou em 2012 e encontrou a face do apocalipse. É mesmo o fim. Qualquer leitor que perder seu tempo para caminhar por entre todas as bancas vai perceber que está tudo muito igual.
Todas as livrarias oferecem os mesmos livros com os mesmos preços. Tome-se por exemplo o best-seller O Símbolo Perdido de Dan Brown. Não importa a banca, ele era vendido na Feira a R$ 31,90. Então, para que caminhar? Basta ir em uma banca qualquer e pronto. Em outras edições da Feira do Livro de Porto Alegre era possível garimpar um desconto maior.
E falando em garimpo a morte dos balaios foi mesmo a morte da Feira. Certo. Eles ainda existem. Mas se antes era colocados títulos de qualidade que não fariam feio em nenhuma biblioteca, agora é o resto do resto. São os párias, os proscritos da literatura mundial.
Sem variedade de títulos, sem descontos atraentes a Feira simplesmente foi atropelada pelo tempo. Sucumbiu a inevitável decadência. Agora só falta a ZeroZen lançar um livro. Não vai impedir o fim do evento, mas certamente vai subir o atual nível da literatura gaúcha...