ZeroZen e a Crise Financeira Mundial
Se existe uma coisa que a ZeroZen entende é de crise financeira. Afinal já temos mais de uma década de existência, a maior parte na miséria. Nós começamos com nada e continuamos com grande parte disso. Nos últimos anos a revista comeu o pão que o webzine amassou e ainda assim continuou firme, contrariando a tudo e a todos. Inclusive a lógica e nosso contador, nessa ordem.
A incessante negatividade da revista e sua longevidade demonstra inexoravelmente a força do pensamento negativo. Afinal estamos nessa para fazer diagnósticos não terapia. Inclusive nas eleições presidenciais americanas, o então candidato, Barack Obama usou muito a palavra esperança, "hope" como tema de sua campanha. Pois a ZeroZen, é onde a esperança acaba.
Mas a recente crise financeira mundial não afetou diretamente a revista. Afinal, a ZeroZen sempre investiu em commodities de grande liquidez, como cerveja, vodka e conhaque. E - como se sabe - em um momento de crise nada melhor do que estar totalmente inconsciente.
Aliás, verdade seja dita, a atual crise não representa a falência do capitalismo, como alguns arautos do fim do mundo chegaram a afirmar, mas sim da sociedade de consumo norte-americana. São duas coisas completamente diferentes.
Sabe aquela máxima do capitalismo neo-liberal que dizia: sempre que houver um freguês, um trouxa qualquer, tudo será permitido? Bem... foi para o espaço e com uma passagem só de ida na classe econômica. Chegamos ao ponto que se compra sem dinheiro e se investe no que não existe. Tipo, nada de bom pode sair dessa fórmula.
Somente idiotas não perceberam na enrascada que estavam se metendo ao investir na bolsa na atual conjuntura. Tentaram inventar o capitalismo à crédito. O problema é que se tirarem o capital do capitalismo, o que mais resta? Um grande nada cercado de incertezas.
E vamos ser sinceros: bolsa de ações é uma espécie de cassino dos afortunados. Pobre aposta na loteria, rico compra ações. A diferença no caso é que quando o andar de cima perde dinheiro na roleta, quem paga a conta é você. Lembre-se sempre das palavras do filósofo da pós-modernidade Chaves (o do seriado, não o Hugo): "o único animal que se alimenta três vezes ao dia é o rico."
O fato é que na terra do Tio Sam a situação está preta (atenção, advogados com ejaculação precoce: isto nada ter a ver com a eleição do Barack Obama, certo?). A coisa está tão difícil por lá que tem gente respondendo à spams pedindo dinheiro emprestado para falsos príncipes africanos. Afinal os juros são menos escorchantes do que nos bancos...
Por outro lado, muito se falou da passividade do governo Lula diante da ameaça de crise mundial. Mas desta vez Lula, pasmem, agiu certo. Essa crise, a grosso modo, só afetara quem ainda tem alguma esperança ou perspectiva. Não é o caso da maioria do povo brasileiro. Enquanto americanos tem planos de aposentadoria e investimentos bancários. O brasileiro aposta na Mega-Sena. Ato que se constitui no máximo de planejamento para o futuro que podemos articular. O americano pensa que vai viver para sempre, e que sempre terá dinheiro para isso. O brasileiro se conseguir fechar as contas no fim de mês já é um milagre.
Agora o interessante nessa história é que a administração Bush conseguiu com a crise desviar a atenção da mídia do aumento do preço da gasolina e de toda aquela história de formas alternativas de combustível. Hora de vir a publico outra vez e dizer missão cumprida....