Enchente histórica: as casas de bombas estão bombando


É preciso confessar que antes dessa enchente histórica que devastou Porto Alegre a maioria da população sequer sabia que existia uma casa de bombas. Talvez elas fossem sucesso em um pacote turístico para terroristas. Mas fora isso permaneciam escondidas do imaginário popular. Só que agora, na cidade, as casas de bombas estão bombando...

O motivo de tanto interesse nas casas de bombas vem de uma cena no dia 2 de maio. A cheia do Guaíba era uma ameaça. Mas o Muro da Mauá estava aguentando as pontas. Porém, a equipe de comunicação da prefeitura notou um problema. Na esquina das avenidas Mauá e Padre Tomé começava a sair do chão uma inundação suspeita. Toda essa água vinha de uma das estações de bombeamento que deveria proteger a cidade. Sim, as casas de bombas explodiram (ok, essa piada foi previsível, mas estamos no meio de uma crise, foi o que se pode arranjar).

O que de fato aconteceu? Bem, a Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (EBAP) de número 17 falhou. O erro foi o seguinte: a comporta no final desse mecanismo, que fecha quando as águas do Guaíba sobem a determinado nível, não funcionou de forma correta. Com a comporta aberta a água pode passar sem maiores obstáculos.

O interessante é que desde 2018 a prefeitura já tinha conhecimento do problema na EBAP 17. Foi aberto, há seis anos, um procedimento interno que solicitava o conserto desse dispositivo. Ou seja, havia um risco real das casas de bombas não conseguirem cumprir sua função. Mais ainda: outra estação de bombeamento, de número 18, na esquina da avenida Mauá com a rua Carlos Chagas também apresentava problemas. As duas casas de bombas deixaram de funcionar na enchente. Essas e outras falhas de drenagem causaram a inundação dos bairros Menino Deus, Praia de Belas e Cidade Baixa.

Então fica o questionamento: o conserto era caro? Simplesmente destruiria o planejamento econômico da prefeitura? Segundo o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) o valor estimado para resolver o problema era 60 mil reais. Dentro do Orçamento de Porto Alegre esse montante é absolutamente irrisório...

Então é hora de Porto Alegre cuidar com mais carinho das suas casas de bombas. Por que se elas não estiverem funcionando, quem se explode é a cidade...

Da Equipe Articulistas