Diário do Fim do Mundo
21/11/2001 - Afeganistão e o futebol
Pode parecer incrível, mas uma das primeiras atitudes do povo afegão após ser libertado do jugo do regime Talibã foi jogar bola. Sim, o bom e velho futebol faz parte da cultura do país. Nos campos, nos estádios, há pouco tempo o pessoal de Osama Bin Laden mandava fuzilar (cartuchos vazios ainda podem ser encontrados nos gramados) quem descumprisse as suas ordens. Atualmente se pratica sem qualquer restrição o tradicional esporte bretão.
Aliás, o futebol no Afeganistão era uma experiência transcendental na época do regime Talibã. O esporte só era praticado em ocasiões muito especiais, mesmo assim era cercado de restrições ridículas. Os jogadores eram obrigados a usar calças e camisas de mangas compridas. Não podiam mostrar qualquer parte do seu corpo. A torcida não podia aplaudir. Para demonstrar algum vestígio de entusiasmo só podia gritar Allah Akbar! (Deus é o maior).
Para piorar as coisas no show do intervalo ocorriam fuzilamentos! E em uma época que espirrar de maneira diferente do prega o Alcorão não era um bom sinal, é possível que a matança durasse mais do que a partida de futebol propriamente dita. Coisa muito feia. Apesar que este assistir a este espetáculo trágico, talvez ainda seja melhor que os comentários do Galvão Bueno e do Casagrande.
Como o Afeganistão vai tentar em breve voltar a ser um país de respeito, é bem provável que surja um convite da Fifa para que ele participe de alguma eliminatória para a Copa do Mundo. Não deixa de ser interessante pensar como seria o time afegão. Primeira característica da equipe seria, é claro, chutar muito de fora da área. Afinal, o país é especialista em bomba.
Mais ainda o sistema de marcação seria muito forte no mesmo espírito guerreiro que caracteriza o seu povo. O problema é que na primeira derrota o técnico e os jogadores podem fugir para as montanhas com medo de represálias. Em casa, o Afeganistão seria quase imbatível. Com uma torcida formada de homens-bomba e terrorista armados de rifles de longo alcance, todo mundo faria questão de perder para o time da casa.
Se o regime Talibã se interessasse por futebol, na hora do intervalo poderia aproveitar para fuzilar o juiz e os bandeirinhas. Pelo sim, pelo não a Seleção Brasileira não deve incluir o time do Afeganistão em sua preparação para a Copa do Mundo. Primeiro, este pessoal não está muito acostumado com amistoso. Depois se o Brasil perder a CBF vai ficar parecendo as torres do World Trade Center depois do atentado de 11 de setembro.