Diário do Fim do Mundo
14/11/2001 - A ressaca terrorista
Quem é um amante incondicional do goró (leia-se bebum, pinguço) sabe que a pior ressaca que existe é a do vinho. Nela a sua boca fica com um gosto de corrimão de pensão de velha e a cabeça parece fazer parte de um ensaio de bateria de escola de samba do Rio de Janeiro. Não há nada o que fazer. A situação exige que o atingido devore o maior número de doces possíveis e deixe a glicose trabalhar para salvar o que resta do seu organismo.
Pois nestes tempos conturbados e com turbantes um empresário chileno mostrou ao mundo que a criatividade é a principal arma para vencer a guerra de mercado. Eduardo Arévalo criou um vinho com o nome de Osama Bin Laden. Está criada a primeira ressaca terrorista da história. Uma dor de cabeça estilo Talibã. Uma bebida capaz de derrubar um avião inteiro (ou melhor, dois).
Parece piada, mas não é. A cara-de-pau de Arévalo parece não ter limites. Há alguns anos ele registrou uma marca de vinhos chamada Pinochet (sim ele mesmo, o cruel ditador e assassino de multidões). A bebida tem um forte sabor amargo, deixa na língua e na memória um gosto nitidamente azedo. A cor é vermelho sangue (de inocentes, é claro).
A marca Osama Bin Laden, acredite quem quiser, foi registrada no Chile para ser usada em produtos de higiene mental. A idéia de Eduardo Arévalo é produzir, por exemplo, um sabonete do terrorista número 1 do mundo. Não deixa de ser estranho por que Talibã e banho não são necessariamente sinônimos. Mesmo assim, o slogan do produto até que seria simples. Sabonete Osama Bin Laden, o único ideal para a lavagem cerebral.
É verdade que existem muitas formas de conquistar o mundo (os vilões de 007 que o digam). Porém um domínio mundial através do goró é algo inédito. Se o vinho de Eduardo Arévalo tiver alguma qualidade é possível que o pessoal do Talibã tenha finalmente encontrado um meio de vencer os Estados Unidos. Basta dar um porre no exército americano e atacar enquanto os soldados estiverem de ressaca. Até lá, é melhor o Tio Sam descobrir uma vacina que funcione como um engov.