Diário do Fim do Mundo


1º/11/2001 - Paquistão, o país sabonete

Nem só de morte e detruição vive a Guerra Contra o Terror. Um dos pontos mais interessantes do conflito que ocorre no Oriente Médio é a posição do Paquistão. O país governado, desde outubro de 1999, pelo ditador Pervez Musharraf tem maioria islâmica, que se mostra a cada dia mais a favor das ações de Osama Bin Laden. Porém Pervez, um general golpista e oportunista, aproveitou a situação para servir de aliado incondicional dos Estados Unidos.

O Paquistão se transformou em um país sabonete, escorregando de um lado para o outro, tentando equilibrar as pressões de seu próprio povo com as dos Estados Unidos. Nas ruas a população se prepara para uma Guerra Santa. Nos discursos, o presidente Pervez Musharraf, dá uma de Celso Roth é diz: Não, o país tá bem... as manifestações são coisa de uma minoria. Bom, o ex-técnico do Palmeiras foi chutado do cargo depois de perder para o Internacional. A estratégia do Paquistão também pode estar indo por água abaixo.

Como sói acontecer no caso de uma Guerra, os motivos do Paquistão dar apoio aos Estados Unidos são políticos. O antigo presidente do país, Nawaz Sharif, resolveu tirar as tropas da região da Caxemira. O local é disputado entre Índia e Paquistão há décadas. Lógico, que com o auxílio do pessoal de Pervez, os americanos já escolheram um lado nesta conturbada questão. Azar da Índia que não tem nada a oferecer a não ser vacas.

Curiosamente ex-general Pervez Musharraf está prometendo eleições para 2002. Um militar disposto a democratizar o seu país é, no mínimo, estranho. Todavia, o Paquistão enfrenta um problema ainda maior. Como acomodar a quantidade de refugiados que vem do Afeganistão. Muitos deles são impedidos de entrar no país. Na verdade está ocorrendo uma espécie de êxodo semelhante ao que o Brasil enfrentou nas décadas de 70 e 80 com os nordestinos, que saíram de seu estado para tentar a sorte nas grande metrópoles como. por exemplo, São Paulo. A diferença é que como o Paquistão está no meio de uma guerra pode impedir a tiros que os refugiados afegãos entrem no país.

Aliás, é bom lembrar, que o Afeganistão enfrentou 20 anos de uma guerra brutal contra a Rússia. Por isso milhares de afegãos invadiram o Paquistão. A conseqüência foi uma queda no padrão de vida do povo comandado por Pervez Musharraf. Mesmo assim o povo parece estar do lado dos seus irmãos muçulmanos e contra os Estados Unidos. Só esqueceram de avisar o presidente.

Para deixar a situação mais interessante o Paquistão tem a bomba atômica. Ou seja, não seria nada bom que um país com este poderio militar caísse em mãos fundamentalistas. Se a Guerra demorar muito tempo, o que fatalmente vai ocorrer o Paquistão pode se tornar uma peça-chave. Quem dominar o país terá mais chances de acabar vencendo o conflito.

O fato mais fantástico em toda a história é que hoje no Paquistão vivem cerca de 15 brasileiros. A pergunta que não quer calar é: o que diabos eles estão fazendo lá? Será um teste para participar do novo No Limite? Ou uma tentativa de suicídio com estilo? Realmente, o Brasil não é um país sério...

Da equipe de articulistas

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