O futebol feminino ainda está em 1982

A seleção feminina de futebol conseguiu mais uma vez. Perdeu outra final olímpica. E novamente para os Estados Unidos à semelhança do torneio olímpico de futebol de Atenas 2004. Para as "meninas do Brasil", a camisa tupiniquim só tem uma única cor: a amarela.

Nem dá para reclamar que elas não contaram com o apoio da torcida. A grande maioria das 51 mil pessoas presentes ao estádio queriam a vitória das brasileiras. Mas as norte-americanas não cederam a nenhuma pressão, não tremeram, e - jogando com raça e determinação - venceram por 1 a 0. E olha que o gol da vitória só saiu na prorrogação

A verdade é que o futebol feminino ainda está parado em 1982. Depois do desastre no Estádio Sarriá boa parte dos brasileiros viu o óbvio. Quem vence não é quem joga mais bonito, mas sim quem faz mais gols. De nada adianta ter o melhor jogador ou jogadora do mundo. Futebol é um esporte coletivo.

Tudo bem. Algum fanático pelo futebol-arte pode obtemperar que todos os números da partida demonstram que volume de jogo brasileiro foi superior ao das norte-americanas. Bem, os fatos são indiscutíveis: 60% de posse de bola para o Brasil, contra 40% dos Estados Unidos.

No ataque, O Brasil finalizou 13 vezes as norte-americanas, 11. Mas não é só isso. Foram 15 escanteios brasileiros. Os EUA tiveram somente três em todo o jogo! O grande problema é que estatísticas não ganham partidas. Vence quem fizer mais gols. Simples assim.

Os Estados Unidos deram um banho tático no Brasil. As meninas norte-americanas foram disciplinadas e incansáveis. Tanto que venceram no preparo físico. Na prorrogação, as brasileiras mal podiam correr. Era o peso da camisa amarela...

Logo aos 6 minutos da prorrogação veio o gol das norte-americanas. Lloyd recebeu na esquerda, ajeitou e chutou forte no canto esquerdo de Bárbara. A goleira brasileira não pode fazer nada. Neste momento, o Brasil sucumbiu. As jogadoras desabaram em campo.

Marta e Cristiane começaram a chorar lágrimas de esguicho. Marta chegou, inclusive, a lacrimejar ainda durante a partida. Isso que para a Fifa, ambas estão entre as três melhores jogadoras de futebol feminino. Pelo que se viu em campo: a Fifa mente...

O técnico Jorge Barcellos (quem?) afirmou que a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim poderia mudar os rumos do futebol feminino no Brasil. "A confiança era muito grande que ganharíamos a medalha de ouro, por tudo que vínhamos apresentando no campeonato, o que crescemos ao longo da competição. Tínhamos o jogo na mão. É uma pena, essa medalha iria transformar o futebol feminino", disse o treinador.

Pois foi exatamente este tipo de mentalidade que levou à derrota em 1982. Os atletas masculinos levaram tempo até se livrar da idéia de um jogar um futebol faceiro, fuleiro e mequetrefe. Enfim, a Seleção Brasileira de futebol feminino só vai começar a vencer quando entender por que está perdendo...

Jarbas Schier

P.S. - Quanto ao futebol masculino nas olimpíadas só resta uma coisa a dizer: Ronaldinho Gaúcho segue amarelando...