O empate na hora da agonia

Grêmio e Juventude estão agonizando no campeonato brasileiro. São dois times medíocres. Porém, um deles tem um treinador de verdade. De qualquer forma, o empate em 2 a 2 na Arena lotada - com mais de 40 mil pessoas - garantiu que as duas equipes gaúchas ainda têm muito sofrimento pela frente nas próximas rodadas.

Resumindo uma longa noite: o Juventude foi melhor na partida. Poderia ter vencido com tranquilidade. Mas o Grêmio é copeiro, tem Marchesín e tem muito mais sorte do que juízo em 2024. A partida começou movimentada. O técnico Renato Portaluppi testou um novo esquema tático com Braithwaite e Diego Costa em campo ao mesmo tempo. Funcionou. Pelo menos por uns três minutos.

Logo aos dois minutos de jogo, Edenilson recuperou a bola no campo de defesa e fez um lançamento espetacular para Diego Costa. O centroavante dominou, ignorou dois marcadores e fez um belo passe para Braithwaite. Ele só teve o trabalho de tirar do goleiro. A bola entrou no canto esquerdo rente ao poste.

Pronto. Seria o começo de uma noite tranquila. Um passeio na Arena. Mas é claro que com o Grêmio nada é fácil, nada é simples. O Juventude foi lentamente se ajustando em campo e passou a tomar conta da partida. Para piorar a situação, Rodrigo Ely - o melhor zagueiro em campo - teve de ser substituído. Gustavo Martins entrou e não foi bem. No último lance do primeiro tempo, Ewerthon cobrou falta e fez o tradicional cruzamento na área. Só que Geromel falhou e Mandaca cabeceou no canto, sem chances para o goleiro Marchesín: 1 a 1.

Neste momento, o desespero começou a bater na torcida gremista. Muitas pessoas se  perguntavam o que mais pode dar errado? Bem, a resposta veio no começo do segundo tempo. Aos seis minutos, Gustavo Martins cometeu uma falha bisonha e saiu jogando errado. A bola ficou com Mandaca. Ele fez um passe preciso para Lucas Barbosa livre, que encobriu Marchesín para fazer 2 a 1.

Foi a hora do caos, foi a hora da agonia. O Grêmio se perdeu em campo. Não sabia mais o que fazer. Para piorar a situação, aos nove minutos, Jadson sofreu pênalti de Reinaldo. Sim, penalidade máxima indiscutível. Era a chance do Juventude matar o jogo. Mas Marchesín defendeu a cobrança de Talieri. Essa foi a hora da imortalidade. Aliás, Marchesín pode ter garantido o tricolor na primeira divisão com esse milagre.

A partir daí, a torcida enlouqueceu. E o técnico Renato Portaluppi também. Colocou em campo Monsalve e Pavón. Não funcionou. Trocou Diego Costa (um dos melhores em campo) por Arezo. Foi ainda mais insano, ao tirar Geromel e colocar Soteldo em campo. Com isso, Dodi virou zagueiro!

Mesmo com essa bagunça tática do lado do Grêmio, o Juventude recuou para garantir os três pontos. Foi um erro. Aos 47 minutos, Monsalve soltou a bomba e a bola bateu no travessão. Aos 48 minutos, veio o gol salvador. Cristaldo cobrou falta com um chute forte em direção ao gol, a bola desviou em João Lucas e enganou o goleiro Gabriel. Era o empate gremista. Aquele empate sofrido, chorado, obtido na hora da agonia.

Agora o Grêmio está em 13º lugar com 40 pontos. Poderia ter sido muito pior. O tricolor segue afastado das últimas colocações no Campeonato Brasileiro. Na quarta-feira que vem, enfrenta o Cruzeiro, em Belo Horizonte. Não é uma partida fácil. Mas se o tricolor conseguir outro empate na hora da agonia, dá para seguir lutando contra a zona do rebaixamento.

Jarbas Schier