Renato e a arbitragem liquidam com o fator local

O Grêmio voltou a jogar na Arena. O sentimento da torcida era: "é bom estar de volta, mas, por favor, não repare na bagunça". O tricolor tinha tudo para sair com uma vitória épica. Mas acabou sendo derrotado de forma bisonha, patética e bizarra pelo Atlético-MG por 3 a 2.

O técnico Renato Portaluppi já havia ressaltado em inúmeras entrevistas a importância do fator local. Mesmo jogando às 11h da manhã, porque os refletores da Arena não funcionam, a esperança era de uma vitória. O jogo começou elétrico. O Grêmio encontrou uma formação consistente com Monsalve e Cristaldo em campo. Pressionou o Atlético-MG e parecia que seria uma questão de tempo até abrir o marcador.

Bem... aí entra a, digamos assim, visão diferenciada do árbitro Raphael Claus. Aos 19 minutos, Deiverson se livrou de Gustavo Martins, pouco depois da linha do meio campo, e partiu em um contra-ataque. O zagueiro não teve outra alternativa a não ser segurar o atacante pela camisa. É a famosa falta tática. Acontece umas 200 vezes por jogo no Brasileirão. A punição é um cartão amarelo. Curiosamente, nesse caso, o juiz optou pelo vermelho direto.

Resultado? O Grêmio ficou com um a menos. Tudo indicava um desastre. Mas o técnico Renato Portaluppi fez o certo. Não trocou ninguém e puxou Villasanti para recompor a defesa ao lado de Kannemann. O Grêmio, mesmo com um a menos, seguiu dando um banho de bola no Atlético-MG.

Tanto que aos 32 minutos foi feita a justiça no placar. Após escanteio pela esquerda, Kannemann desviou e a bola caiu na segunda trave. O oportunista Braithwaite apareceu e colocou para o fundo da rede. E a superioridade ficou ainda mais evidente aos 40 minutos. Soteldo fez uma bela jogada individual, ganhou de três marcadores pela esquerda e cruzou na cabeça de Cristaldo. Mas a bola caprichosamente foi na trave. Só que, no rebote, o mesmo Cristaldo bateu de primeira e ampliou.

Pronto. Com o placar de 2 a 0 bastava tocar a bola e esperar o tempo passar na segunda etapa. O problema é que Renato e a arbitragem liquidaram com o fator local. Em primeiro lugar, o técnico gremista errou todas as substituições. Foi uma calamidade. Tirou Braithwaite e Monsalve. Não satisfeito tirou Cristaldo. Simplesmente abandonou qualquer chance de segurar a bola no ataque. Mais ainda: colocou um apático Nathan Fernandes durante 15 minutos só para depois colocar Pedro Geromel em seu lugar.

Mesmo com tanta liberdade o Atlético-MG fazia uma partida deprimente, digna de um time que não vai a lugar nenhum no Brasileirão. Então, aos 25 minutos, João Pedro - na falta de uma palavra melhor - roçou em Palacios. O jogador do Galo se jogou no chão de forma escandalosa. Foi tão constrangedor que um cartão amarelo por simulação não seria um exagero. Porém - de forma surpreendente - o juiz deu a penalidade máxima. Scarpa bateu forte sem chances para Marchesín.

A partir daí só deu Atlético-MG. Contudo, é preciso fazer uma ressalva. Apesar de ter o domínio da partida, o Galo não conseguia criar muitas chances de gol. Então, nos acréscimos, aos 47 da segunda etapa, João Pedro pulou de braços abertos na área no meio de uma disputa de bola. Outro lance que acontece umas 200 vezes no Brasileirão. Na imensa maioria dos casos, segue o jogo. Mas o árbitro Raphael Claus marcou a penalidade sem hesitar. Palacios bateu e empatou. Marchesín parece ser incapaz de pegar pênaltis.

Só que tudo que está ruim, sempre pode ficar pior. No último lance do jogo, aos 50 minutos, veio a virada criminosa do Atlético-MG. Após uma boa tabela, Arana invadiu a área e chutou forte. Marchesín fez um milagre. O problema é que, no rebote, a bola sobrou para Vargas. Ele cabeceou livre para dar números finais ao marcador.

Agora, o Grêmio segue com 27 pontos na décima quinta posição da tabela de classificação. Ainda perigosamente próximo da zona de rebaixamento. O tricolor volta a campo no domingo (15/09) com uma partida indigesta contra o Bragantino. Como o jogo é fora de casa, o fator local não importa. Mas se Renato e a arbitragem tiverem uma atuação um pouco melhor, quem sabe o Grêmio não consegue um bom resultado...

Jarbas Schier

P.S.: Para que se tenha uma ideia do vexame: a última vez que o Galo venceu no estádio gremista foi em 2013...