A arte de sofrer mesmo quando não é preciso

A torcida do Grêmio gosta de bater no peito e dizer que tudo o que o clube conquistou foi de forma sofrida. Não houve atalhos, não houve benesses nem facilidades. E isso é a mais pura verdade. Talvez por isso a equipe treinada por Renato Portaluppi conseguiu uma classificação sofrida para a final do Gauchão mesmo vencendo o Caxias por 3 a 2.

O atilado leitor da ZeroZen pode estar pensando: mas o tricolor venceu a partida. Aliás, ganhou os dois confrontos com o Caxias. Como é possível falar em sofrimento? Bem, se alguém assistiu somente ao primeiro tempo da partida pode acreditar que essa impoluta coluna está fazendo alguma espécie de fake news. Mas o Grêmio é perito na arte de sofrer mesmo quando não é preciso...

O Caxias até começou a partida tentando se lançar ao ataque, mas foi rapidamente superado pela qualidade gremista. O bom futebol deu resultado. Aos 20 minutos, Pepê deu belo passe para Pavón. O argentino avançou em velocidade pela direita. Cruzou rasteiro e Diego Costa apareceu para completar para o fundo da rede. Gol de centroavante.

A partir daí, o Grêmio dominou a partida. Aos 29, Gustavo Nunes deu belo passe para Cristaldo. Ele invadiu a área e tocou com categoria no canto direito. O Caxias não conseguia respirar. Aos 38 minutos, João Pedro cruzou para Diego Costa. O centroavante matou no peito, tirando o zagueiro da jogada e - com a calma de um monge budista - chutou sem chances para o goleiro: 3 a 0. Antes do intervalo, Renato foi obrigado a substituir Pepê, após choque de cabeça. Em seu lugar entrou Du Queiroz. Mas o lance decisivo da partida só aconteceria nos acréscimos da primeira etapa.

O lateral Mayk acertou um chute no rosto de Alvaro. Foi violento? Bem, digamos que Jean-Claude Van Damme ficaria orgulhoso. Para piorar as coisas, era um lance na lateral do campo. Não havia o menor risco de gol. O árbitro Jean Pierre viu e não gostou. O jogador gremista acabou expulso. A partir daí, o jogo mudaria completamente..

Na segunda etapa só deu Caxias. Foi um filme de terror. Um sofrimento interminável. Aos 13 minutos, em cobrança de escanteio, a zaga gremista cabeceou para trás. Caíque falhou feio e Vitor Feijão empurrou para o fundo do gol. A equipe da Serra seguiu pressionando. O Grêmio sequer era capaz de articular um contra-ataque.

Aos 36 minutos, Tomas Bastos aproveitou rebote de Caíque (outro erro do goleiro gremista) e descontou. Com isso, o Caxias precisava fazer mais dois gols para levar a decisão para os pênaltis. E isso não parecia uma missão impossível, pois o Grêmio só se defendia em um estado muito próximo do pânico puro e simples.

O árbitro Jean Pierre deu sete longos e intermináveis minutos de acréscimos. Foi sofrido, foi chorado, foi do jeito que o Grêmio gosta. Agora, é enfrentar o Juventude na final.

Inter segue cavando sua ruína

A tacanha imprensa esportiva gaúcha declarou que a diferença entre Grêmio e Inter era oceânica. O Colorado era o melhor time do Brasil. Só esqueceram de avisar pro Juventude do técnico Roger Machado. Esse é o terceiro ano consecutivo em que o Inter sequer chega à final do Gauchão. Com tanta soberba, o Inter - junto com o Robert Renan - segue cavando sua própria ruína.

Jarbas Schier