Brasil vence a Inglaterra e encontra a posição de Endrick
Os arautos do desastre, os comentaristas de Fifa, os gênios dos sites de apostas, vaticinaram: o Brasil levaria uma goleada histórica da Inglaterra. Mas o técnico não é mais o Fernando Diniz. Então o escrete canarinho voltou a jogar aquilo que todo mundo chama de futebol. Aí deu a lógica, Brasil 1 a 0. E com o Endrick marcando gol em Wembley.
Apesar de ser um amistoso, ambas as equipes definitivamente estavam a fim de jogo. Os ingleses queriam se aproveitar da má fase da Seleção. Mas é difícil. A Inglaterra segue sendo a mesma de sempre. Muita marcação, muita correria. Porém, na hora de tentar um gol, eles recorrem ao manjado cruzamento na área. Aliás, verdade seja dita, boa parte da seleção inglesa seria banco no Vasco da Gama. Repito: banco no Vasco da Gama...
Cabe também destacar o técnico Dorival Júnior. Ele é um gênio? Não. É um mestre tático, um Guardiola da vida? Não. Mas ele sabe que se escalar as pessoas certas nos lugares certos a seleção brasileira é quase imbatível. O ex-comandante do São Paulo, 61 anos, assumiu a liderança da Amarelinha mostrando que é pé-quente. Afinal de contas, colocou fim a uma desastrosa sequência de quatro jogos sem vitória do Brasil.
A partida, como foi dito antes, iniciou em ritmo acelerado. A Inglaterra dominava, porém não conseguia levar tanto perigo assim. Tanto que as melhores chances foram brasileiras. Vinícius Jr. perdeu - essa é uma informação importante para explicar o título da coluna - um gol incrível. Bateu fraco na saída do goleiro e deu tempo para o zagueiro inglês salvar a pátria. Pouco depois, o craque do Real Madrid rolou para Paquetá, que livre no meio da área, mandou uma bomba na trave.
No segundo tempo, a seleção inglesa seguiu pressionando, mas sem efetividade. O técnico Dorival Jr. resolveu mexer no time. Aos 24 minutos, substituiu Paquetá por Andreas Pereira e Rodrygo por Endrick. Aos 32, Raphinha (que teve uma atuação discreta) saiu para entrada de Savinho. Já Bruno Guimarães deu lugar a Douglas Luiz.
As alterações deram resultado - ou pelo menos uma delas. Aos 34 minutos, Andreas Pereira aproveitou falha da defesa da Inglaterra e lançou Vinícius Jr.. De novo um contra-ataque semelhante ao que ocorreu no primeiro tempo. O atacante do Real Madrid ficou livre de cara para o gol. O que ele fez? Chutou em cima de Pickford. Sim. Ele errou novamente! Porém, no rebote, Endrick balançou as redes.
E, neste exato momento, Dorival Jr. - se tiver o mínimo de bom senso futebolístico - encontrou a posição de Endrick na seleção brasileira. Ele deve ser a sombra de Vinícius Jr. É simples. O craque do Real Madrid é um especialista em perder gols na Seleção. Então basta o Endrick estar por perto para chutar para o fundo da rede.
Ainda é cedo para dizer que Endrick é um craque em definitivo. Mas ele é um daqueles jogadores focados, sem firula, com gana de vencer. Diga-se de passagem, aos 17 anos e 246 dias, o garoto é o quarto artilheiro mais jovem da história da seleção brasileira. Quem lidera o ranking? Pelé, é claro, que marcou em 1957 aos 16 anos e 257 dias...
Agora, a seleção brasileira vai enfrentar na terça-feira em Madri a Espanha, que perdeu na sexta-feira em Londres em outro amistoso, contra a Colômbia (1-0). Para os amantes da estatística e para os devotos da Premier League um último recado: a seleção agora acumula doze vitórias, onze empates e apenas quatro derrotas diante da Inglaterra, em 27 jogos.