Seleção é o laboratório de testes do Dinizismo

O técnico Fernando Diniz tem uma ideia muito peculiar do que é o futebol. Basicamente, ele acha interessante atrolhar jogadores na mesma área do campo. Muita gente perto facilita as tabelas e força o erro do adversário. É uma forma de ajustar a modernidade à irreverência do futebol brasileiro. Neste momento, os amantes do Dinizismo estão em êxtase porque o Brasil venceu a Bolívia por 5 a 1 pelas eliminatórias da Copa do Mundo.

A primeira surpresa da noite foi o técnico Gustavo Costas. Ele resolveu fazer uma homenagem ao estilo Fernando Diniz e também empilhou jogadores. Só que foi no campo de defesa. Uma retranca que deve ter deixado o Celso Roth feliz. Com tanta gente marcando, o Brasil sofreu mesmo jogando no Mangueirão, em Belém do Pará. Mas encontrou um pênalti. Só que Neymar cobrou de forma indolente e o goleiro Viscarra defendeu.

Ainda assim, a superioridade brasileira era brutal. O primeiro gol saiu aos 23 minutos. Raphinha recebeu grande bola na direita e chutou cruzado. A bola desviou em Jusino e parecia que seria escanteio, porém Rodrygo disparou como se fosse um bólido e tocou para o fundo da rede. 1 a 0.

Ao final da primeira etapa, o resultado era absurdamente injusto. A Bolívia seguia se defendendo. Produzia menos que funcionário público em final de expediente. O Brasil desperdiçava as oportunidades que conseguia criar. Mas tudo mudaria na volta do intervalo. No primeiro minuto, Raphinha chutou forte, a bola desviou na zaga e enganou o goleiro. 2 a 0. Aos 7 minutos Bruno Guimarães fez uma ótima assistência a Rodrygo, que não perdoou. Chutou com categoria no canto esquerdo de Viscarra para sacramentar o 3 a 0.

Só que ainda tinha espaço para mais gols em cima da Bolívia. Aos 15 minutos. Rodrygo recebeu na área e driblou o zagueiro. Só que sofreu um pênalti escandaloso. Mas a bola sobrou para Neymar, que fulminou de primeira. Foi um momento especial. O craque brasileiro fez 78 gols e superou Pelé em jogos oficiais da Seleção.

Uma das consequências do Dinizismo é a facilidade para levar contra-ataques. Aos 32 minutos Ábrego foi lançado em velocidade. Avançou completamente livre e - de fora da área - disparou um belo chute. 4 a 1. Mas o Brasil ainda encontrou forças para aumentar a humilhação boliviana. Aos 47 minutos, Raphinha cruzou para a área e Neymar surgiu entre dois marcadores para chutar de primeira. Viscarra falhou no lance. Mas gol feio também vale. Brasil 5 a 1, fora o banho de bola.

A Seleção virou um laboratório de testes do Dinizismo. O técnico tem todos os jogadores que precisa para implementar seu esquema de jogo. O detalhe é que é relativamente simples encontrar as falhas da proposta tática de Fernando Diniz. Mas nas eliminatórias só Uruguai e Argentina podem complicar a vida do Brasil. Até lá o Dinizismo segue sendo uma espécie de alternativa semelhante ao carro de hidrogênio. Ou seja, ou dá muito certo, ou a gente explode no processo.

Jarbas Schier