Grêmio e a batalha dos quase aflitos
O Grêmio está de volta à série A. Goleou o Náutico por 3 a 0, fora de casa. Um retorno com dignidade à elite do futebol brasileiro. Mas seria essa a "Batalha dos Aflitos 2.0''? Claro que não. A tacanha mídia esportiva gaúcha insistiu em uma comparação esdrúxula. Só havia uma torcida relativamente nervosa. Os gremistas tinham a expectativa de subir. Já os torcedores do Náutico estavam rebaixados para a série C. Por isso, o que houve foi mesmo uma batalha dos quase aflitos.
Claro que sempre se pode questionar: mas com uma goleada tão humilhante seria mesmo o caso de chamar de batalha? Pois é... a verdade é que foram pelo menos 45 minutos de sofrimento. O Náutico começou melhor a partida. A equipe treinada por Renato Portaluppi não se encontrava em campo. A equipe pernambucana não abriu o placar por que é mesmo muito ruim.
Até que aos 25 minutos, o Grêmio fez a sua primeira jogada. Cruzamento na área. Diego Souza ajeitou de cabeça. Léo Gomes bateu forte de esquerda. O goleiro Bruno fez grande defesa. No rebote, Bitello chutou com categoria para abrir o placar nos Aflitos. Depois disso o tricolor melhorou? Não. Seguiu a mesma tristeza de sempre quando joga fora de casa. Mas - sempre vale repetir - o Náutico é muito ruim.
O Grêmio terminou a primeira etapa em vantagem. E parecia satisfeito. Ou seja, o segundo seria de uma retranca ferrenha. Até que um detalhe mudou o rumo da partida. Aos 6 minutos, Geuvânio cometeu falta uma falta criminosa em Kannemann, que certamente infringiu uns 15 artigos do Código Penal. Só levou amarelo. O VAR berrou de indignação e chamou o juiz. O cartão vermelho foi aplicado corretamente. Com um jogador a mais, finalmente o jogo ficou fácil para o tricolor gaúcho.
Aos 18 minutos, surgiu a segunda jogada do Grêmio na partida. Campaz pegou a bola no meio do campo, passou para Villasanti. Ele tocou para Guilherme que escorou para Bitello (o nome do jogo). O meio-campo fez um passe na medida para Lucas Leiva. Ele tocou na saída do goleiro. Detalhe: Lucas Leiva estava presente na Batalha dos Aflitos em 2005. O problema é que o bandeirinha resolveu anular. O VAR foi chamado e confirmou o gol.
Os jogadores do Náutico já estavam pensando na série C. Tanto que, aos 21 minutos, Guilherme avançou pela esquerda, cortou para dentro e finalizou. O goleiro Bruno deu rebote. Quem estava lá para pegar a sobra? Bitello de novo. Ele fuzilou sem piedade para o fundo das redes.
Com 3 a 0 era só esperar o final da partida. Aliás, como o tempo demorou a passar. Mas quando o árbitro Jefferson Ferreira de Moraes apitou o fim do jogo era hora de festejar o tão sonhado retorno à série A. E se por um acaso você acha que o acesso não é motivo de festa, imagina aquele pessoal que comemorou vitória nas oitavas-de-final como título...
Agora, o Grêmio enfrenta o Tombense (fora) e o Brusque em casa. É hora de comemorar, mas como o próprio técnico Renato Portaluppi deixou claro: chega de amadorismo. O Grêmio, é óbvio, tem muito trabalho pela frente. Mas vai ser um trabalho na série A.