Grêmio e o fenômeno do quiet quitting

O Grêmio empatou com o Londrina em 1 a 1. Manteve a vice-liderança da série B. Porém, o plano de se classificar na próxima rodada não vai acontecer. Aliás, muito possivelmente a volta para a elite do futebol brasileiro aconteça em um jogo fora de casa, contra o Náutico ou contra o Tombense. Mas o que ficou evidente é que a equipe treinada por Renato Portaluppi já abraçou o fenômeno do quiet quitting.

Para quem não está acostumado com os últimos debates na área de administração, essa "demissão silenciosa" é feita por funcionários que resolveram trabalhar dentro das horas estabelecidas no contrato de trabalho e nada mais. Claro que o atilado leitor da ZeroZen pode estar se perguntando: o que há de errado nisso? A resposta é: nada. Afinal de contas, ninguém é obrigado a ir além do esperado. O lema desse movimento é “trabalhar para viver e não viver para trabalhar”.

Veja bem, quem trabalha dessa forma não está interessado em promoções, recompensas ou títulos. A ideia é fazer o suficiente e depois ir pra casa descansar. Basicamente, se não vai ter aumento de salário nem promoção é só fazer o mínimo e receber o holerite no final do mês. Luan, ex-Grêmio, lidera o quiet quitting no futebol brasileiro.

De qualquer forma, o elenco do Grêmio sabe que o time vai subir, mas eles não. A limpa vai ser geral. Quase ninguém tem o mínimo exigido para jogar na série A. Seja entre os titulares, seja entre os reservas. Então, só tocam a bola pro lado e esperam o final do jogo. Só isso para explicar o ridículo, patético e bisonho empate contra o Londrina.

O Grêmio fez um bom primeiro tempo. O Londrina, verdade seja dita, é muito ruim. O time deveria estar mais ligado no jogo. Afinal de contas, estava jogando no Estádio do Café. Mas foi o tricolor quem criou as melhores chances. Até que foi premiado com o gol aos 42 minutos. Bitello dominou e abriu a bola para Thaciano na direita. Ele foi ao fundo e fez um cruzamento na medida para Diego Souza. O atacante subiu no vigésimo andar e venceu o zagueiro Saimon. A bola foi pro fundo das redes. Grêmio 1 a 0. Depois foi só esperar o intervalo.

Aliás, os problemas do tricolor começaram na volta para a segunda etapa. O Grêmio cansou ou fez quiet quitting. Ninguém mais queria saber de jogar futebol. Embora gente como Biel e Guilherme nem que se esforçassem conseguiriam. Enfim, veio o castigo aos 40 minutos. Houve uma cobrança de escanteio, a bola bateu no braço de Villasanti. O jogo seguiu, mas o VAR chamou. O pênalti foi marcado e João Paulo não desperdiçou.

O Grêmio não vence há dois meses longe da Arena na competição. Isso é ridículo. Porém, a grande preocupação passa a ser o Bahia. A partida será no próximo domingo, às 16h, na Arena. A vitória segue sendo uma obrigação. Depois, um ou dois empates devem garantir o acesso. O tricolor tem 57 pontos com uma boa folga para o primeiro adversário fora do G4. É como se fosse o penúltimo dia antes de receber o contra-cheque. Ou seja, falta pouco, mas ainda falta. Não dá para sair comemorando ainda...

Jarbas Schier