Grêmio e a rivalidade dos fiascos

Já diz o hino riograndense: "sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra". Bem, se isso acontece com as façanhas também ocorre com os fiascos. Por que logo depois do Inter ser desclassificado de forma ridícula pelo Melgar na Copa Sul-Americana, o Grêmio foi lá e se superou. Perdeu por 2 a 0 para o CRB. E isso que a equipe alagoana teve um jogador expulso ainda no primeiro tempo.

Então foi uma semana na qual a dupla Gre-nal se esmerou nos fracassos. Rivalidade nos triunfos e rivalidade nos fiascos. O pior de tudo é que o Grêmio também perdeu uma invencibilidade que já durava 17 jogos. Claro que nada é para sempre. Mas perder essa marca para o CRB é mesmo dose pra mamute.

Nem é preciso dizer que o Grêmio jogou muito mal. Logo aos seis minutos, Gabriel Conceição fez grande jogada pela esquerda. Saiu driblando sem parar, aplicou um chapéu humilhante no Rodrigo Ferreira. Entrou na área, fintou Biel, que malandramente deixou o pé. Foi pênalti? Com certeza. Só que aí começou a loucura do jogo. O goleiro Diogo Silva veio cobrar a penalidade máxima. E não é que deu certo? Bateu no canto direito, deslocando Brenno. 1 a 0.

O Grêmio ficou mais perdido do que cupim em metalúrgica. Nada dava certo. Só que, aos 22 minutos, Guilherme Romão entrou de sola no tornozelo de Rodrigo Ferreira. Foi uma entrada criminosa que deve ter infringido uns cinco ou seis artigos do Código Penal. O que fez o juiz Vinicius Araújo? Deu amarelo. O VAR chamou o árbitro e já sugeriu uma ótica com preços amigáveis. Então Vinicius Araújo voltou atrás e aplicou o cartão vermelho.

Então com um jogador a mais o Grêmio passou a jogar melhor? Passou a dominar a partida? Nada disso, depois de um contra-ataque rápido a bola sobrou para Paulinho Moccelin dentro da área. Ele chutou completamente livre em direção ao gol. A bola bateu no braço bem aberto de Geromel. Pênalti. E o zagueiro gremista ainda levou o terceiro cartão amarelo e está fora do próximo jogo.

O CRB resolveu apostar na tática: "se está dando certo, pra que mexer?". Por isso, o goleiro Diogo Silva foi bater mais um pênalti. E deu certo de novo. Ele mudou o lado, escolheu o canto esquerdo. Brenno não conseguiu chegar na bola. 2 a 0 com dois gols de goleiro! Tem coisas que só o Grêmio mesmo...

Porém, verdade seja dita, a equipe treinada por Roger Machado tinha um jogador a mais em campo. E tinha muito tempo para reverter o placar. Mas o técnico gremista realmente não conseguiu fazer o tricolor reagir. Ele tirou Lucas Leiva e colocou Elkeson ainda no primeiro tempo. Não funcionou.

Depois, na segunda etapa, Roger tirou Geromel para a entrada de Bitello. Foi algo tão maluco que foi preciso improvisar a zaga. Villasanti passou a ajudar Bruno Alves, para que Bitello fizesse a volância. O Grêmio simplesmente não conseguia jogar. Era um desastre. Então, o técnico gremista fez mais alterações. Tirou Guilherme e Campaz. Ambos não jogaram nada. Entraram no lugar Janderson e Gabriel Silva.

Porém, o Grêmio seguiu abaixo da crítica. O time não era capaz de articular uma única jogada e se limitava a chutar de fora da área. Aos 30 minutos da etapa final, Roger colocou Thaciano no lugar de Biel. Talvez para tentar reorganizar a bagunça que ele mesmo criou. Não deu certo. O tricolor seguiu inoperante, mesmo com um jogador a mais.

A derrota cria um ambiente de pressão para a próxima partida. Por que o Grêmio vai receber justamente o líder Cruzeiro na Arena. Agora, o tricolor ocupa a terceira posição com 43 pontos, mesmo número do Bahia. A vantagem para o quinto colocado é de nove pontos. Porém, ficou claro que ainda falta muito para ver o Grêmio de novo na série A. Até lá, vamos tentar deixar um pouco de lado essa rivalidade dos fiascos...

Jarbas Schier