Grêmio foi mais operário que o Operário

O técnico Roger Machado pode ter muitos defeitos. Porém, ele parece entender do que é feita a série B. Ou seja, esse é um campeonato de dor, de amargura, de puro sofrimento. E foi justamente com um futebol pouco brilhante, mas efetivo, que o Grêmio venceu o Operário-PR por 1 a 0.

Foi a primeira vitória fora de casa na série B. E o resultado ainda colocou o tricolor gaúcho no G-4. Porém, algum profeta da obviedade deve estar gritando em um boteco, enquanto toma uma cerveja superfaturada: "O Grêmio não jogou bem". Ora, a sabedoria do técnico Roger Machado é perceber que não existe a menor possibilidade desse elenco jogar bem.

Então, toca três volantes, recua o time, e espera um contra-ataque salvador. Deu certo. E uma das grandes verdades não escritas do futebol diz que jogar bem e vencer são coisas diferentes. Nem sempre uma é consequência da outra. Mais ainda: se o Grêmio continuar jogando mal, mas ganhando as partidas por 1 a 0, volta com folga para a série A.

Enfim, o primeiro tempo foi muito ruim. Villasanti jogou muito mal. Para compensar, Lucas Silva e Bitello correram bastante. Campaz fez outra partida medíocre. Porém, está mal-escalado. Ele não rende na direita. O Grêmio deu espaços para o Operário-PR. Mas o adversário é fraco e limitado. Depois de um show de incompetência de ambas as partes o 0 a 0 nos primeiros 45 minutos foi um placar justo.

Porém, tudo mudou na segunda etapa. Aos 7 minutos, Biel, o melhor jogador da partida, recebeu na esquerda. Partiu em alta velocidade, deixou os marcadores na saudade. Cruzou para o meio da área e Elias entrou como um bólido e chutou de primeira para o fundo da rede. Mas nada é fácil com o Grêmio. O bandeira deu impedimento. O VAR revisou. Foram traçar as linhas. Como estavam com dificuldade de encontrar o giz-de-cera, a revisão levou mais de quatro minutos. Mas a arbitragem confirmou o gol. Pronto! Era tudo o que o Grêmio precisava.

Daí para frente, foi uma retranca de fazer o Celso Roth sorrir. A partir do gol, o Grêmio foi mais operário que o Operário de Ponta Grossa. Teve bico, catimba, falta pra parar o jogo, reclamação com a arbitragem. Enfim, o pacote completo da retranca gaúcha. Claro também teve um sufoco do Operário com direito a uma sucessão de escanteios no final da partida. Além de inacreditáveis sete minutos de acréscimo.

Agora, o Grêmio joga de novo no sábado. O tricolor vai enfrentar o CRB. A partida será realizada na Arena, às 16h30min. É jogo para três pontos e três volantes. Por que a Série B é um campeonato de dor, de amargura, de puro sofrimento...

Jarbas Schier