A retranca paraguaia do Grêmio

O Grêmio foi eliminado da Copa Sul-Americana. Perdeu em casa por 2 a 1 para o simplório time da LDU. Saiu da competição por causa do saldo qualificado. Foi justo? Provavelmente. A equipe treinada por Luiz Felipe Scolari jogou bem? Claro que não. Com esse elenco é uma missão quase impossível. Ainda mais com essa retranca paraguaia.

Antes de mais nada, retranca é uma das tradições do futebol gaúcho. É entrar em campo com a certeza de que todos os jogadores permaneceram no campo de defesa. De preferência, embaixo da trave pra bola não entrar de jeito nenhum. Por isso, levar dois gols é um vexame. Esse era um jogo para um glorioso e modorrento 0 a 0.

Mas o Grêmio foi arrogante, passou do meio campo e chegou até mesmo a marcar um gol na primeira etapa. Aos 23 minutos, Alisson avançou pela esquerda e cruzou. Diego Souza subiu no vigésimo andar e cabeceou. Ainda contou com aquela ajuda do goleiro Gabbarinni, que falhou feio. 1 a 0. Era para dar tranquilidade. Era mais do que suficiente para encaminhar a classificação.

Porém, aos 44 minutos do segundo tempo, na única boa jogada do time da LDU veio o empate. Alcívar subiu completamente livre e testou com vontade para empatar a partida. Um gol desses era tudo o que a equipe equatoriana queria. Felipão deve ter avisado aos jogadores: "Ninguém passa do meio do campo, chega de ousadia!".

Como era de se esperar, a LDU voltou melhor para a segunda etapa e começou a pressionar. Ainda assim, aos 5 minutos, Alisson enfiou grande bola para Léo Pereira. O atacante ficou cara a cara com o goleiro Gabbarini. E simplesmente não soube o que fazer. Não driblou, não chutou, não fez nada. Realmente ridículo. Aí veio aquele lance que só acontece com o Grêmio.

Aos 7 minutos, Jhojan Julio estava infernizando a zaga gremista. Ia perder a bola perto da linha de fundo, mas se recuperou atropelando um jogador do Grêmio. Entrou na área e foi tocado por Fernando Henrique. O juiz não deu pênalti. Por que não foi. E mesmo que fosse o jogador do tricolor sofreu falta antes. Só que o VAR pediu revisão. O árbitro foi na conversa. Alcívar bateu forte sem chances para Gabriel Chapecó. A retranca paraguaia, falsificada, levou dois gols.

Felipão tentou de tudo. Colocou Pinares, Léo Chu e Diogo Barbosa. Saíram Léo Pereira, Cortez, Fernando Henrique. Quem foi substituído não estava jogando nada. Quem entrou no lugar conseguiu o prodígio de jogar menos ainda. O grande problema é que o Grêmio teve muito tempo para buscar o gol de empate. E produziu menos do que deputado federal na véspera de feriado...

Agora, o Grêmio pode concentrar o foco no Campeonato Brasileiro. Afinal de contas, não tem rebaixamento na Copa Sul-Americana. Ela é o próprio rebaixamento. No sábado, o Tricolor recebe o América-MG, às 17h, na Arena. É um confronto direto pela fuga da zona de rebaixamento. É hora de outra retranca autêntica com selo de confiabilidade. Para esse time do Grêmio, 1 a 0 é goleada.

Jarbas Schier