É fácil botar fogo no Botafogo

Talvez o Grêmio tenha feito uma das goleadas mais inúteis de toda a sua história. O resultado de 5 a 2 em cima do rebaixado Botafogo mostra que há uma diferença abissal entre as duas equipes. Golear esse time fraco e despreparado é quase uma obrigação. Hoje em dia é fácil botar fogo no Botafogo. Mas, no final das contas, o ano do tricolor gaúcho será mesmo decidido na final da Copa do Brasil.

O Grêmio encerrou um dos piores momentos no Brasileirão. Foram sete partidas sem vencer e ainda perdendo o Grenal de forma criminosa. Basicamente, deu tudo errado. Ainda bem que existe o Botafogo para recuperar o ânimo. O time carioca, como a própria torcida já percebeu, é muito ruim. Tem tudo para passar várias temporadas na série B. Corre o sério risco de se transformar no Brasil de Pelotas do Rio de Janeiro, o que talvez desse um pouco de dignidade ao time.

A goleada começou cedo. Aos seis minutos, Jean Pyerre enfiou belo passe para Alisson. O atacante ficou na cara do gol e não desperdiçou. Aos 16 minutos, houve falta para o Grêmio. Jean Pyerre cobrou com muita categoria. A bola fez uma curva perfeita e foi morrer no gol entrando rente ao pé da trave defendida por Diego Loureiro.

Na segunda etapa, o Grêmio seguiu atacando. Aliás, foi um jogo bem aberto com as duas equipes se pouco preocupando em fazer uma marcação mais forte. Aos oito minutos, Pepê sofreu pênalti. O atacante gremista errou a bola de maneira bisonha após um rebote. Só que o defensor do Botafogo chegou atropelando o jogador gremista. Se ele não fosse tão afoito nada aconteceria. O VAR teve de chamar o árbitro, que devia estar fazendo o seu trade do dia na Bolsa de Valores, pois definitivamente não estava prestando atenção na jogada. Depois da confirmação, Churín bateu com classe, deslocando o goleiro para fazer 3 a 0.

Mas aí um milagre aconteceu. O Botafogo reagiu. Aos 11 minutos, Rafael Navarro recebeu um bom passe de Cesinha. Ele saiu correndo e deixou David Braz na saudade. Daí foi só tocar na saída do goleiro Paulo Victor.O time carioca se animou e até ensaiou uma pressão. Mas o Grêmio foi trocando passes e, aos 28 minutos, Jean Pyerre escorou de forma brilhante para Matheus Henrique. O meia chutou forte, colocado, sem chances para o goleiro botafoguense.

Porém, o tricolor gaúcho não estava satisfeito. Aos 33 minutos, Isaque fez uma tabela genial com Matheus Henrique. O meia de novo ficou livre para chutar e não perdoou: 5 a 1. Só que ainda teve tempo para mais um gol do Botafogo. A defesa gremista falhou feio e Matheus Babi (um dos poucos jogadores com alguma lucidez na equipe carioca) cabeceou livre. Resultado final: 5 a 2.

A verdade é que uma partida de sete gols é sempre enganosa. Mas o adversário do Grêmio na Copa do Brasil também não parece ser um time imbatível. Fez fiasco no Mundial de Clubes ao ser derrotado pelo Tigres do México e sequer foi para a final. Com esse resultado patético se une a uma galeria de infames na companhia de Inter e Atlético-MG. Mas existe uma lição para o técnico Renato Portaluppi: Jean Pyerre rende muito mais perto da área.

Jarbas Schier