A estátua do cara errado

Nas proximidades do Beira-Rio há uma estátua feita para reverenciar um grande personagem da história colorada. Bem, depois do apocalíptico, bizarro e inconcebível Grenal 492, ficou claro que o Inter está homenageando a pessoa errada. A vitória de 2 a 1 foi construída no final da partida com um pênalti discutível (para usar um eufemismo) e com uma tática de time varzeano: fazer balão para dentro da área.

O detalhe fundamental desse funesto e tragicômico Grenal é que com a vitória, o Inter manteve a liderança isolada com 62 pontos. Pior ainda, aumentou a distância para o São Paulo e viu o Flamengo perder. O que isso significa? Simples, a equipe comandada por Abel Braga está com a mão na taça. Já o Grêmio precisa lutar pelo título da Copa do Brasil. No campeonato brasileiro não há muito mais o que fazer.

Mas e o jogo? O primeiro tempo foi todo do Inter. O Grêmio simplesmente parecia satisfeito com mais um empate. O maior momento de medo e pânico da torcida gremista foi quando Geromel saltou e caiu torcendo o tornozelo esquerdo. O zagueiro deixou o gramado e foi substituído por Rodrigues. Perceberam? Com Geromel e Kannemann o Grêmio jamais perdeu um Grenal.

Na segunda etapa, o colorado começou melhor. Porém, lentamente a equipe treinada por Renato Portaluppi passou a ameaçar o gol colorado. Mas tudo melhorou aos 28 minutos. Renato fez três substituições: Ferreirinha, Maicon e Luiz Fernando e tirou Lucas Silva, Alisson e Pepê. O Grêmio melhorou.

Tanto que, aos 29 minutos, Lucas Ribeiro perdeu a bola para Diogo Barbosa no meio campo. O jogador gremista partiu em alta velocidade e tocou para Diego Souza. O centroavante fez um toque genial para Jean Pyerre, que estava completamente livre. Ele bateu cruzado sem chances para Marcelo Lomba.

A partir daí, o Inter se descontrolou. Seguiu atacando, mas sem levar perigo. Até que Abel Braga fez aquela substituição varzeana. Colocou Marcos Guilherme e Abel Hernández tirando Praxedes e Patrick. Não satisfeito, tirou Moisés e Rodrigo Dourado e para as entradas de Uendel e Nonato. Basicamente, não tinha estratégia nem tática. Só balão pra dentro da área.

Todavia, o soturno Grenal 492 não havia terminado. Aos 45 minutos, Cuesta levantou a bola da intermediária. Vejam bem, da intermediária. Desespero puro, falta de jogada ensaiada, indigência futebolística do mais alto nível. Só que a zaga gremista falhou e Abel Hernández cabeceou livre. Gol de empate.

Neste momento, o resultado era ruim para ambas as equipes. Porém, de certa forma, fazia justiça ao que foi a partida. Contudo, o macambúzio e sorumbático Grenal 492 ainda não tinha terminado. Aos 49 minutos, a bola foi alçada de novo para dentro da área. O juiz Luiz Flávio de Oliveira viu um pênalti. Para o árbitro a bola bateu na mão de Kannemann. Mais incrível ainda, o juiz não consultou o VAR (Aliás, e o pênalti em Ferreirinha? Como é que fica?). Enfim, Edenilson chutou forte. Vanderlei nada pode fazer. Acabou o jejum colorado que vinha desde 2018. É claro, que não se termina uma touca tão grande com uma partida dentro dos limites da normalidade.

A ZeroZen não tem nada contra a estátua de Fernandão, um dos maiores ídolos da história colorada. Mas aparentemente a direção do Inter apostou na figura errada. É urgente fazer uma estátua do técnico Abel Braga. Por que com o Abelão, a limitada (para usar outro eufemismo) equipe do Inter vai ser campeã do campeonato brasileiro...

Jarbas Schier