A classificação mais sofrida da história
O Grêmio garantiu vaga na Libertadores 2011. Mas precisava tanto sofrimento? Para fazer parte da maior competição de futebol da América foi preciso reunir o grande exército da secação. E deu certo. O Goiás foi eliminado nos pênaltis pelo Independiente.
Antes de mais nada é preciso deixar uma coisa clara. Após a derrota, os 49 torcedores esmeraldinos passaram o tempo inteiro jactando-se, garantindo que o Goiás jogou melhor. Meu amigo, se o seu time PERDE de 3 a 1 ele não jogou melhor. Ele, na verdade, levou um banho de bola.
Além do mais, a tragédia vai fazer muito bem ao estado de Goiás. Depois dessa acachapante derrota devem ter surgido, no mínimo, umas 150 novas duplas sertanejas... Ah, e não digam que a ZeroZen não avisou. Na corneta passada foi dito que o 2 a 0 do jogo de ida em Goiânia era muito pouco. Era uma vantagem ilusória.
O jogo foi dramático e bizarro. O Independiente jogou um grande primeiro tempo. O Goiás deu muito pouco trabalho à defesa adversária. Aos 18min, a marcação do Goiás falhou. Aliás, algo que aconteceu durante o jogo inteiro. Após cobrança de falta, Matheu chutou forte e Harlei fez grande defesa. No rebote, porém, Julian Velázquez completou para o fundo das redes.
Logo depois, aos 21 minutos, o Goiás fez a sua única jogada de ataque durante todo o primeiro tempo. E foi gol! Wellington Saci cruzou pela esquerda e Rafael Moura completou de cabeça para empatar. O time esmeraldino acreditou que o Independiente iria ficar cabisbaixo e taciturno e aceitar o empate. Ledo engano. Aos 26min, outro gol esquisito. Ernando afastou mal bola da área. O chute bateu na canela no atacante Parra e entrou no gol de Harlei.
A partir daí, o Goiás entrou em pânico. Aos 34min, finalmente foi feita alguma justiça no placar. Parra dividiu com Marcão dentro da área. Ambos caíram no chão. É... mas como diz aquele tango: "levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". Marcão ficou pensando na vida, o argentino se levantou o suficiente para desviar a bola para o canto esquerdo de Harlei.
O Goiás saiu para o intervalo completamente baratinado, sem entender o que estava acontecendo. A falta de experiência em competições internacionais dá nisso. Na etapa complementar, o time brasileiro voltou minimamente organizado. Mas não foi suficiente por que a incompetência do time é mesmo espantosa.
O problema todo é que o Independiente cansou. O time argentino passou a andar em campo. Por outro lado, o Goiás parecia correr cada vez mais. No final da partida, os argentinos simplesmente se limitaram a tocar a bola para o lado. Bem, o arguto zeronauta pode imaginar que os hermanos estavam poupando fôlego para a prorrogação. Nada disso, eles não podiam poupar o que não tinham mais.
E a prorrogação levou o exército da secação ao desespero. Sim, o Goiás partiu para cima do Independiente. O time argentino se retrancou e ficou esperando. Só não partiu no contra-ataque por não conseguia mais correr. Com tudo a seu favor, o que fez a equipe esmeraldina? Se limitou a perder um gol atrás do outro.
Quando o juiz apitou o fim do jogo e a consequente decisão por pênaltis a alegria tomou conta dos jogadores argentinos. A corrida até a marca da penalidade máxima eles ainda conseguiam fazer. E não teve erro. Os hermanos acertaram todas as cobranças. Já o atacante Felipe mirou no canto direito e acertou a trave.
O resultado deu o título da Sul-Americana ao Independiente. Nada mais justo. Aliás, falando em Justiça, Grêmio tem motivos para se orgulhar. Um time que faz uma reação tão espetacular no segundo turno no campeonato brasileiro, saindo da zona maligna para o quarto lugar, não poderia ficar de fora da Libertadores. Agora tudo está no seu lugar. Grêmio na Libertadores e Goiás na segunda divisão...
P.S. - Essa foi uma partida com alto índice de secação. Os torcedores do Racing secaram o Independiente. Os torcedores do Grêmio e Flamengo secaram o Goiás. Os torcedores do Inter secaram o Grêmio, mas logo vão ter o troco...
