Migre.me, o encurtador de URLs


Certo. Esse é um daqueles textos direto do túnel do tempo. Porém, houve um tempo em que o Twitter aceitava somente 140 caracteres. Porém, quando alguém queria compartilhar um link interessante que encontrou, logo percebia que o endereço tinha bem mais do que o limite permitido. O que fazer? Pedir para o Twitter mudar essa regra injusta? Ou quem sabe criar um encurtador de URLs?

Pois foi exatamente isso o que o empreendedor Jonny Ken. Não. Ele não escreveu um textão xingando muito o Twitter. Ele simplesmente criou o Migreme. Um encurtador de URLs brasileiro. A ideia da ferramenta surgiu na Campus Party de 2009. Só que ele fez isso com um plus a mais agregado. Ou seja, o Migreme fornecia métricas em tempo real. Era possível saber o número de pessoas que o link atingiu, como o número de retweets e cliques recebidos.

O lançamento oficial foi no dia 2 de fevereiro de 2009. Porém, em menos de 3 meses, Ken já havia sido citado em matérias na Folha de São Paulo, Zero Hora, Estado de São Paulo, Revista Info e até na MTV. Resultado? Em pouco tempo, o migre.me se transformou em um gigantesco sucesso. Celebridades adotaram o encurtador. Aliás, durante a campanha pela Presidência da República, em 2010, os três principais candidatos (Dilma Rousseff, Marina Silva e José Serra) usavam o migreme. Mais ainda: até mesmo o então presidente Lula era um usuário do serviço.

Esse deveria ser o caminho do sucesso para o empreendedor brasileiro. Com um começo tão promissor, Jonny Ken deveria estar atualmente fazendo palestras em universidades (cobrando em dólar, é claro) ou então ter alcançado a condição de coaching quântico. Porém, houve um grande problema na trajetória do Migreme.

Em setembro de 2010, o Migre.me perdeu todo o banco de dados. Foi um problema no servidor. Para quem não está acostumado com o jargão da TI, servidor é um computador com uma função dedicada. Ou seja, tinha um PC que hospedava o site do migreme. Esse computador estragou. Claro que o atilado leitor da ZeroZen deve estar pensando. Isso não é um problema: é só usar o backup. Pois é... só que o servidor de backup ficava na mesma máquina!

Então todo mundo que usou o migreme como encurtador perdeu tudo. Foi um duro golpe. Jonny Ken fez um vídeo chorando. Muita gente apoiou o empreendedor. Mas, mesmo assim, a confiança no migreme acabou sendo abalada. E não dá para deixar de notar a ironia, mas o encurtador teve vida curta...

Ainda existe o Twitter do Migreme. Só que não é atualizado desde 2020. Pode ser uma imitação da ZeroZen que tirou um ano sabático, que, na verdade, durou cinco. De qualquer forma, o mundo mudou e não faz mais tanto sentido usar encurtadores de URLs. Aliás, o próprio Twitter criou o seu (t.co). Enfim, todo mundo migrou para uma opção melhor...

Da Equipe Articulistas

P.S.: A ZeroZen, que tem 13 anos de twitter!, nunca usou migre.me. E quem ainda está no ar? Enquanto o pessoal "moderninho" migrou do anonimato para a fila do seguro desemprego. A ZeroZen manteve sua coerência e não foi para lugar algum...