O Big Brother que deu errado

Existe algo de muito errado com o Big Brother Jean (BBJ). O engraçado é que Globo, em tese, fez tudo certo. Escolheu as mesmas pessoas de sempre. Os marombados com um pedido de desculpas de Deus no lugar do cérebro e as atrizes-modelos e manequins em busca de uma ponta na novela das oito. Porém, no primeiro paredão Jean usou ardilosamente como escudo a sua condição sexual e, como em um passe de mágica, tudo mudou.

Esse é o Big Brother que deu errado. A coisa saiu do controle e mesmo assim a audiência disparou. O impoluto leitor da ZeroZen pode analisar com calma os fatos. A Globo sempre privilegiou a criação de casais. Verdade seja dita, para garantir o edredon nosso de cada dia, selecionou o elenco feminino mais acessível de todos os tempos. E nada, absolutamente nada, aconteceu.

O pessoal do plim-plim sempre buscou um vilão ou alguém para conspirar e ser eliminado perto do final. Em um golpe de sorte, encontrou Rogério Tarja Preta. Um sujeito do mal, que chegava a roubar viagra do hospital onde trabalha para dar aos amigos. Ele simplesmente atropelou todos os limites da ética e da responsabilidade em menos de uma semana. O fato deixou, é claro, milhares de advogados de inveja.

Contudo, em uma atitude ridícula, a Globo deixou Rogério ser eliminado cedo demais. O resultado foi uma votação recorde. Porém, o progama acabou perdendo muito da graça. Afinal de contas, uma das regras fundamentais do reality show é manter um certo suspense sobre quem será o campeão. Infelizmente, o favoritismo de Jean é gritante, tanto que contagiou os demais participantes.

Os BBBs parecem não ter mais ânimo nem para conspirar. A ficha caiu e eles perceberam que o prêmio máximo já tem dono. Até mesmo, Sammy San - a pessoa que melhor enxerga o jogo em toda a casa - já captou o óbvio ululante. Com o professor alopradinho de vencedor, resta aos demais fazer propaganda de si mesmos e tentar faturar algum prêmio extra antes de ser expulso da casa.

Um Big Brother sem disputa, sem casais, sem vilão, mas com audiência. Em algum lugar do projac, um taciturno Boninho se pergunta: terei errado?

Da Reportagem Local