Anos 80
A Década Perdida
O cinema porno nos 80: os anos dourados
O incauto leitor deve estar se perguntando se afinal não houve nada de interessante nos anos 80. Bem na verdade houve sim, os anos 80 com certeza representam o auge criativo do cinema pornográfico americano. Fenômeno que durou aproximadamente até a metade da década quando o advento do videocassete e o barateamento dos custos para produção dos filmes, causou a banalização do gênero e sua consequente estagnação na década de 90. Convém lembrar, no entanto, que junto com a industria da informática, o filão mercadológico que mais cresceu nos anos oitenta foi o pornográfico, justamente por causa do vídeocassete.
A maioria dos críticos especializados considera o período que abrange mais ou menos o final dos anos setenta até a metade dos anos oitenta como sendo o mais significativo da industria pornográfica americana. Esse período é conhecido de Golden Age.
Numa época em que os filmes ainda eram filmados em película, e havia preocupação com cenários e a elaboração dos personagens(!). O que de forma alguma significava um decréscimo no erotismo, e não obstante tornavam os filmes mais divertidos, próximos do trash total, com roteiros impagáveis e interpretações canastríssimas.
Antes do "vale do silicone" que se transformou as produções feitas em Hollywood, antes dos corpos anabolizados esculpidos em academias de ginastica, numa época em que as porno-atrizes e mesmo os porno-atores eram mais humanos. O cinema porno viveu seu auge.
Foram os anos das grandes divas como Traci Lords, Ginger Lynn, Amber Lynn e outras Lynns menos cotadas. E ainda verdadeiras operarias do sexo como: Ashlyn Gere , a brasileira Elle Rio, Nina Hartley, Cicciolina, Stacy Donovan, Erica Boyer, Debbie Diamond, Chrsty Canyon, Cicciolina, sem esquecer as musas da nova geração a partir de 87 Aja e Tori Welles. OK, não se pode deixar de fora os "balões mágicos" da tailandesa Kascha . É uma lista infindável de musas.
Até mesmo alguns atores legais como o veterano Jamie Gillis, Jack Baker o ator negro que não fazia sexo nos filmes dos Dark Brothers e Ron Jeremy, este que com seu porte físico incomum gordo e baixinho, foi um dos mais improváveis atores pornos de todos os tempos. Jeremy acabou se tornando cult, inclusive conseguiu alguns papeis secundários em filmes de hollywood, uma de suas últimas atuações no cinema, foi no divertido Orgazmo(1997) primeiro filme dos criadores da série South Park. Jeremy também costuma fazer pontas em sitcoms americanos, vídeos de rock e filmes softcore do tipo ciné prive da band.
Diretores como Henri Pachard que dirigiu a série Taboo American Style, uma mini-série com uma produção luxuosa tendo como tema todas formas de incesto, Alex DeRenzy um dos melhores diretor de fotografia do gênero(basicamente o câmera), os geniais Dark Brothers, Water e Gregory Dark com seus filmes escatológicos que marcaram o cinema pornográfico americano, eles perpetuaram o clássico supremo da década de 80: New Wave Hookers em 85. Talvez o último grande filme antes da era do vídeo tomar conta. Não se pode esquecer a contribuição de John Stagliano, já no final da década, com o seu alter ego Buttman que na década seguinte chegaria a fazer filmes no Brasil durante o carnaval no Rio de Janeiro.
No entanto nada que é bom dura para sempre: a partir da metade da década de 80 em diante o panorama de cinema porno americano mudou radicalmente, a revolução do videocassete barateou os custos de produção e saturou o mercado com um número impressionante de lançamentos a cada ano. Como a maioria dos filmes passaram a ser feitos direto em vídeo, produções mais elaboradas, como as dos Dark Brothers, feitas em película de 35 mm tornaram-se raras. Além disso houve o episódio envolvendo Traci Lords que abalou seriamente por alguns anos a harmonia da industria pornografia. Harmonia que pensando bem nunca foi restabelecida, pois no fim da década de 80 a industria pornográfica teria que enfrentar um novo inimigo, só desta vez muito mais forte e devastador: a AIDS.
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